Polícia Federal humilhada

Por João Batista

Bolsonaro está destruindo a Polícia Federal – PF. O aparelhamento da instituição e as intervenções realizadas para proteger a si e sua família têm rendido frutos do nível que presenciamos, nesta semana, na casa do criminoso e ex-deputado federal, Roberto Jefferson.

Como ingrediente das bizarrices ocorridas ontem, ainda havia o padre FAKELMON que, de forma simplesmente surreal – e ilegal – circulava pelo lugar do crime com as armas supostamente utilizadas pelo criminoso contra os policiais federais.

Qualquer policial tem consciência que, munido de um Mandado de Prisão, está autorizado a entrar em qualquer ambiente, bastando seguir as formalidades insculpidas no Código de Processo Penal brasileiro, como a identificação dos agentes e a apresentação do Mandado, o que efetivamente ocorreu.

A ação do ex-deputado federal, ao se opor à ação dos agentes, configura, a priori, o crime de resistência, previsto no Código Penal, no capítulo que trata dos crimes contra a administração pública.

Tem-se, ainda, o crime de posse irregular de arma de fogo, uma vez que há armas, em tese, cujo registro o criminoso não possui.

Por fim, tem-se a prática de homicídio tentado, figurando como vítimas os agentes que participaram da operação. Imagens mostram a viatura da Polícia Federal, atingida com vários disparos de fuzil. Considerando que, até granadas, foram lançadas por Jefferson, é mesmo incrível que ninguém tenha sido ferido gravemente.

Agora chamou muito a nossa atenção a forma como foi conduzida a rendição do criminoso. O agente que dialogou com quem acabara de atirar com um fuzil em seus colegas de corporação pareceu estar muito à vontade negociando com Jefferson e sob o olhar do candidato padre.

Em dado momento, sorriu ao se referir aos colegas feridos, dizendo que os mesmos estavam bem e que pertenciam ao setor burocrático da PF, circunstância que, no contexto, não os qualificava para a tarefa de prender o aliado de Bolsonaro.

Serão 5 dias intensos até comemorarmos a vitória de Lula no próximo dia 30. Mas, brindaremos a isso. E muito!!

João Batista é escritor, especialista em Direito e Processo Penal, Mestre em Ciências Jurídicas, professor universitário e policial civil.

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