Jornalistas palestinos recebem solidariedade internacional em congresso da categoria
FENAJ está representada pela secretária de Relações Internacionais Maria José
Delegações e representantes de sindicatos nacionais e federações de jornalistas de diversos países participam nesta terça-feira, 23, do Congresso dos Jornalistas da Palestina em Ramallah. A solidariedade foi a palavra mais utilizada durante a abertura do congresso, que leva o nome da jornalista Shireen Abu Aqleh, assassinada em 2022, na cidade de Jenin.
Um minuto de silêncio, no início da solenidade de abertura, homenageou Shireen e ou outros 54 jornalistas assassinados na Palestina, depois do ano 2000.
“Não passa uma semana sem que um jornalista palestino enfrente o risco de ser atingido por uma bala de borracha ou um projétil fatal”, disse a presidenta da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), Dominique Pradalié.
O presidente do Sindicato de Jornalistas da Palestina, Nasser Abu Bakr, agradeceu a solidariedade das entidades de jornalistas presentes, entre elas a FENAJ, representada pela secretária de Relações Internacionais Maria José Braga, que também é dirigente da FIJ.
Nasser disse que o Sindicato palestino vai seguir como defensor do jornalismo e dos direitos dos jornalistas. “Seguiremos com nosso trabalho e a Palestina seguirá sendo Palestina até a eternidade”, afirmou.
O irmão de Shireen, Antônio Abu Agleh, e Motasem Murtaja, irmão do jornalistas Yasser Motasem, falaram da luta das famílias por justiça e agradeceram o apoio do Sindicato. Yasser foi assassinado na Faixa de Gaza.
O Congresso dos Jornalistas Palestinos foi prestigiado pelo primeiro ministro Mohammad Shtayyeh, que representou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
O primeiro-ministro disse que Shireen foi assassinada para que seu testemunho sobre o que ocorre na Palestina não chegasse ao mundo. Segundo ele, o governo palestino tem compromisso com o jornalismo e há pluralidade de informação na Palestina, apesar das dificuldades.
O primeiro-ministro não poupou críticas a Israel. Ele afirmou que o “terrorismo organizado” do estado israelense atenta com o povo palestino, muitas vezes privados até dos recursos naturais da Palestina, como a água.
Na quarta-feira, as delegações estrangeiras presentes ao congresso vão a Jenin, visitar o local onde Shireen foi assassinada. O Sindicato Palestino e a FIJ recorreram ao Tribunal Penal Internacional para que haja o reconhecimento de que Shireen foi assassinada por um soldado israelense e para que o estado de Israel seja responsabilizado.
Maria José disse estar muito impactada com a situação dos jornalistas palestinos e da Palestina. “Na verdade, sabemos pouco do que se passa na Palestina. É preciso que o jornalismo seja mais eficaz para que o mundo possa conhecer essa realidade e possa apoiar o povo palestino”, disse.