É Manaus, dos contrastes e de amor em seus 353 anos

Foto: Ana Lonova

Nossa cidade, nossa casa, cidade que acolhe, casa de irmãos, manos e manas, na expressão popular dos descendentes de Manaós, Barés e outros (as) que por aqui chegaram.

Manaus, uma das maiores metrópoles do Norte, é traduzida neste artigo de fatos e relatos de costumes pelo economista e professor, Juarez Baldoíno, que abaixo reproduzimos.

PARABÉNS, MANAUS !

353 Anos – 24 de outubro de 2022.

Diretoria
SJP/AM

Tú és a menina de todos os olhos, bendita Manaus!

Por Juarez Baldoino da Costa

Manaus, de fortaleza de guerra que foi, é hoje, com orgulho, a fortaleza econômica da Amazônia, mesmo sem ter a “cara sardenta de olhos azuis”.
Nascida como Forte da Barra do Rio Negro em 1669, há 353 anos, e rebatizada de Manaós em 1856, ainda então um Porto de Lenha como descrito na canção “das sardas” de Aldízio Filgueiras e Torrinho, abriga hoje 2,3 milhões de pessoas, a cidade de maior população do Norte do Brasil e a sétima do país entre os 5.570 municípios.
Seu porto, não mais de lenha, outro orgulho, é o maior porto flutuante do mundo, construído pelos ingleses que muito acreditaram na Paris dos Trópicos do século XIX como centro estratégico para escoamento principalmente da borracha da selva amazônica.

Não perderá jamais o seu mormaço, como bem o lembra Márcio Souza, nem se esquecerá de sua ilha de Marapatá que abriga em sua orla como porta de entrada, e também nome e “o doce mistério” da composição de Aníbal Beça e Armando de Paula, onde ficava a vergonha dos viajantes que pretendiam aportar na cidade.
Todos vêm por que querem, e depois que a veem, ficam se quiserem.

Sua identidade, estampada no brasão de sua bandeira, registra a seringueira da floresta que jorrou o látex, o ouro branco de outrora de tantas benfeitorias incluindo o imponente Teatro Amazonas, outro orgulho manaó. Noutro quadro do brasão, os encontros das águas e dos povos, que continuam nela se encontrando de todos os quadrantes do mundo.

Querem todos ver a cobiçada morena que, orgulhosa, encerra o curso do maior rio de águas negras do mundo e abre o curso do maior rio do mundo de todas as águas. Só ela no planeta tem esta primazia geográfica a despertar olhares de alhures.

A morena Manaus é ainda, também com orgulho, o único lugar do Brasil que tanto agrada brindando diariamente os brasileiros por lhes permitir adquirir uma grande variedade de utilidades diversas de alta qualidade ao menor preço do país, produzidas pelo seu sofisticado parque fabril, o Polo Industrial da Zona Franca de Manaus, o maior do Norte brasileiro e um dos maiores da América Latina, para onde também envia a maior parte de suas exportações “made in ZFM”.

São muitos os seus orgulhos construídos por seus habitantes, nela nascidos ou imigrantes por ela acolhidos, e que afloram pela sua cultura cabocla e miscigenada de sua gente querida, como diria Humberto Amorim.
A menina de todos os olhos encravada no centro da floresta mais cobiçada de todas, de isolada não tem nada: é a capital do Brasil em primeiro lugar em crescimento demográfico nos últimos 50 anos, e a segunda cidade do Brasil em movimento de navios por cabotagem segundo a ABAC -Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem.

Carrega consigo sim suas mazelas, é verdade, e não são poucas, mas são as mesmas mazelas das grandes cidades do país, preço das conquistas que escolheu.
Seu povo aguerrido, valente e em prontidão, na linguagem do seu boi-bumbá, esteve e estará sempre pronto para mudar este quadro, bastando que sejam liderados nesta direção, embora alguns de seus líderes nem sempre cumpram com a missão.

Como o fenômeno astronômico Buraco Negro, a morena francesa Manaus, a beira do Rio Negro, atrai para si todas as atenções e interesses econômicos e sociais à sua volta.
Voraz, de tudo e de todos se alimenta, do peixe de Rondônia à banana de Roraima, da goma de Iranduba aos queijos de Autazes, espalhando benefícios indistintamente a todos que a procuram, quer tenham projetos aprovados, quer tenham sonhos guardados.
Tudo lhe acorre do mundo, dos parafusos aos circuitos integrados.

353 anos converteram a moçoila, antes mero lugarejo, em preparada jovem de paisagem cosmopolita, que a cada ano busca ser melhor para prosperar e viver aos que lhe abraçaram por vontade, às vezes até de renascer.
Generosa, sempre dá espaço e oportunidade pra qualquer um que a procure.

Estar no lugar que se quer é o que faz felizes e orgulhosos os seus cidadãos.

Parodiando Chico Buarque:
Ela é boa de investir
Ela é boa de estudar
Ela é boa de orar, bendita Manaus.

Ela é boa de cheirar
Ela é boa de trabalhar,
Ela é boa de passear, bendita Manaus

Ela é boa de viver
Ela é boa de amar
Ela dá pra qualquer um, bendita Manaus!

juarez@controladoriabaldoino.com.br
(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

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