Retrospectiva Otoni Mesquita: 1º Caderno da Infância e algumas páginas da Juventude
É a primeira exposição de uma série, que o artista pretende realizar durante o ano de 2023, para comemorar as suas 70 mesquitas de vida. Esta primeira parte do programa pretende mostrar as referências mais remotas, compostas por cerca de cem desenhos e dez telas. Que estão sendo exibidos na Galeria do Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas.
O primeiro caderno é um documento raro que foi preservado pela genitora do artista e assim como as outras imagens referenciais foram selecionados e recuperados digitalmente para impressões de formato reduzido.
O conjunto pretende mostrar um pouco mais da construção cronológica do repertório do artista, iniciando com imagens representativas do primeiro caderno da infância, doado pelo Sr. Pedro Vieira, um vizinho, um de seus primeiros estímulos. São vinte páginas, com várias divisões preenchidas com representações de objetos e animais domésticos que se misturam as referências do imaginário e dos contos infantis.
Há uma lacuna referente aos anos sessenta, cujo material foi incinerado no final daquela década. Assim a narrativa de imagens é retomada a partir de1970, quando se estabelece uma preferência evidente pelo registro de caras e bocas, com a tentativa de retratar muitas beldades e algumas celebridades, em geral vinculadas ao cinema ou a TV. No meio desse universo de imagens predominantemente femininas, surge algumas cenas de cidades e outras composições insólitas. Uma influência das ilustrações que proliferavam nas revistas e jornais.
Em 1975, a passagem pelo curso de iniciação em desenho e pintura na Pinacoteca do Estado foi fundamental para algumas mudanças que se processaram no repertório do artista, sobretudo, pela estimulante atenção do artista Manuel Borges. Naquele momento continuava trabalhando, encerrava o colegial no Colégio Estadual e no ano seguinte iniciava o Curso de Comunicação Social – Jornalismo. Estas passagens foram fundamentais para fixar algumas tendências ao simbolismo e ao surrealismo, com influência das composições psicodélicas que proliferavam nos meios de comunicação de massa.
Nos anos seguintes a temática amazônica ganha maior espaço no repertório do artista, indo até a crítica social que seria premiado no II Salão Universitário, em 1980 e será evidenciada em “Fruturbano”, sua primeira exposição individual realizada em janeiro de 1980.
