O Brasil da ganância de sertanejos e prefeitos
Por João Batista
Conceição do Mato Dentro é uma pequena cidade situada na região central de Minas Gerais e possui pouco mais de 17 mil habitantes.
A cidade ganhou os holofotes da mídia nacional em razão do contrato milionário que celebrou com o cantor sertanejo Gustavo Lima, no valor astronômico de UM MILHÃO E DUZENTOS MIL REAIS (1.200.000,00) e, outro, com a dupla Bruno e Marrone, no valor de QUINHENTOS E VINTE MIL REAIS (520.000,00). Ambos contratos foram cancelados após a repercussão negativa no país inteiro.
Questionado a respeito, o cantor Gustavo Lima disse que “não cabe ao artista fiscalizar as contas públicas”, dando de ombros para a questão social vivida nas cidades por onde despeja seu repertório regado a muito chifre e sofrimento.
Ante a frase – infeliz – dita pelo artista sertanejo, cabe questionar se realmente o artista deve ser insensível à realidade vivida pelo povo que paga seu cachê e se preocupar tão somente com sua conta bancária ao final do espetáculo.
Imaginem uma cidade do interior de qualquer Estado brasileiro que vive na penúria, com a tradicional falta de saneamento básico, sem ruas asfaltadas, coleta de lixo, profissionais da saúde, postos de atendimento para a população carente, policiamento, escolas de qualidade no ensino fundamental e médio e, por aí vai.
O artista que chega para fazer um show numa cidade com tais características deve se preocupar somente com o cachê que receberá? Então está tudo bem cantar para uma população que passa fome e não tem NENHUMA ou QUASE NENHUMA de suas necessidades básicas atendidas? É isso mesmo?
Não creio nisso. Não acredito que artistas da linha de Chico, Caetano, Gil, Elis e João Bosco, só para falar de alguns dos melhores expoentes da Música Popular Brasileira, aceitariam cantar para milhares de pessoas passando fome e morrendo de doenças da miséria, enquanto embolsam o suado dinheiro que deveria ser utilizado para minorar as mazelas dessa população. Não acredito mesmo.
Proliferam denúncias de desvios de dinheiro público Brasil afora, informando acerca das relações espúrias entre prefeituras e artistas sertanejos que cantam o sofrer enquanto dividem o dinheiro que serviria para o combate à pobreza, às doenças e à violência.
A mamata acabou?
João Batista é escritor, especialista em Direito e Processo Penal, Mestre em Ciências Jurídicas, professor universitário e policial civil.
O Escritor João Batista agradece ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado Do Amazonas pelo Facebook:
O presidente do Sindicato Wilson Reis responde: A honra é nossa, tê-lo conosco e poder dividir sua publicações e mensagens sobre os mais diversos temas da atialidade, caro professor João Batista.