SJPAM denuncia salários atrasados em A Crítica e Amazonas Em Tempo na ALEAM

Durante Sessão Especial em comemoração ao Dia da Imprensa (1º/06), na manhã desta segunda-feira (18), na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM), a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP/AM), Auxiliadora Tupinambá, denunciou publicamente o descaso dos empregadores com o trabalhador jornalista nos veículos da Rede Calderaro de Comunicação e no Grupo Raman Neves, que não pagam o salário em dia com atrasos de até 20 dias além do previsto na legislação.

“Neste momento de comemoração é preciso também nos solidarizarmos aos colegas que trabalham nos veículos da Rede Calderaro de Comunicação e no Grupo Raman Neves que cumprem seu dever sem direito à dignidade do salário em dia. Não é exagero dizer que hoje tem jornalista passando fome e, ainda assim, levanta-se para trabalhar”, afirmou a presidente do SJPAM.

Dora Tupinambá destacou ainda situações reais vivenciadas pelos jornalistas nas redações dos veículos de comunicação como problemas físicos, emocionais e psicológicos por conta da situação de atrasos salariais.

“Colegas sofrem de ansiedade e crises nervosas por não saber se vão poder alimentar seus filhos, se vão manter água e luz em casa, ou se vão conseguir negociar com seus credores uma vez que não há diálogo, um esclarecimento, previsão ou cronograma de pagamento respeitado por parte dos empregadores”, destacou.

Comissão do Trabalho

O apelo foi feito também ao presidente da Comissão do Trabalho da ALEAM, deputado Dr. Gomes, para que ajude a cobrar uma situação digna de trabalho aos profissionais do jornalismo amazonense, e ao Ministério Público do Trabalho, diante das várias denúncias já protocoladas junto ao órgão.

O deputado Luiz Castro, presente à sessão, referendou a palavra da presidente do SJPAM. “Nós estamos ainda num ambiente que não é verdadeiramente democrático em relação à liberdade de imprensa e do exercício da profissão de jornalista. E é preciso ter essa consciência, para que essa situação melhore, e não piore ainda mais, como alguns setores querem que piore”, argumentou.

Homenagens

A sessão especial foi requerida pelo deputado Cabo Maciel (PR) e homenageou os jornalistas amazonenses Manoel Marques, falecido no início de junho, cuja placa de homenagem póstuma foi entregue à sua esposa Maria Cilene Rodrigues da Silva; Auxiliadora Tupinambá; Edilene Mafra Mendes de Oliveira; Francisca do Valle; Cleo Pinheiro; Dudu Monteiro de Paula; Clayton Pascarelli Filho; Jerson Aranha; e Walter Luiz Correia.

Confira o discurso da presidente do SJPAM na íntegra:

“Esta é uma homenagem que poderia acontecer em qualquer dia do ano, afinal é impensável uma sociedade onde não haja imprensa”. O ato de se comunicar e de comunicar algo a alguém em âmbito privado, público, em rede, é inato ao homem, assim como a vida em sociedade. E a complexidade da vida em sociedade é que faz a necessidade de organizar as coisas e os acontecimentos, o que se dá por meio da imprensa.

Uma sociedade sem informação é uma sociedade sem transformação. O jornalismo é sagrado e único. Experimentamos, na história recente do Brasil, dias sem liberdade de expressão, o que causou-nos profundas marcas e ainda consequências em nossa democracia. E faz-nos lembrar que não há democracia sem imprensa. Por isso, afirmamos que o jornalismo é sagrado e único.

Zelar por ele é também reconhecer o papel daqueles que são a engrenagem e o motor deste pilar da sociedade: o jornalista. E cá estamos vivenciando este momento. Agradecemos ao deputado Cabo Maciel por esta homenagem e parabenizamos nossos colegas que merecidamente recebem esta deferência, na esperança de que possamos registrar nossa história e construirmos dias melhores para esta profissão.

Deste modo, cumpre-nos o dever, enquanto entidade de defesa desta categoria, lembrar que o respeito ao trabalhador é a forma primeira de valorização do jornalista, peça fundamental à manutenção deste bem caro à democracia, que é a imprensa. Honrar o compromisso com aqueles que mantêm seu sustento e, claro, seu lucro, faz parte não apenas de uma obrigação enquanto empregador, conforme prevê a legislação trabalhista, mas de respeito ao ser humano.

Neste momento de comemoração é preciso também nos solidarizarmos aos colegas que trabalham nos veículos da Rede Calderaro de Comunicação e no Grupo Raman Neves que cumprem seu dever sem direito à dignidade do salário em dia. Não é exagero dizer que hoje tem jornalista passando fome e, ainda assim, levanta-se para trabalhar. Há casos de mal-estar no trabalho e isto apenas para falarmos sobre o âmbito físico. Colegas sofrem de ansiedade e crises nervosas por não saber se vão poder alimentar seus filhos, se vão manter água e luz em casa, ou se vão conseguir negociar com seus credores uma vez que não há diálogo, um esclarecimento, previsão ou cronograma de pagamento respeitado por parte dos empregadores.

E tal qual faziam os ditadores ao tentar calar a voz que dá voz, gestores tentam silenciar da forma mais vil e truculenta, quaisquer tipos de pedido de informação, cobrança, que é um DIREITO do trabalhador jornalista, com demissão, de forma que, paradoxalmente, dentro do local que defende a liberdade de expressão como um pilar a ser zelado a qualquer preço, pratica-se este tipo de violência física, moral, psicológica e social. Sim, porque é extremamente humilhante para o trabalhador ter que pedir R$ 5 reais emprestado para lanchar porque está com fome. Creiam: qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

Entendemos que qualquer negócio está sujeito à crises e às intempéries do mercado, mas  não pode ser o trabalhador o único a pagar essa conta às custas da manutenção do status de seus empregadores, publicamente conhecido pelos bens e estilo de vida ostentado em redes sociais. É irracional e ilógico preterir o jornalista sendo ele a fonte primordial da produção de notícia, produto da Imprensa.

Por isso, DENUNCIAMOS esta situação que já foi registrada, mais de uma vez, junto ao Ministério Público do Trabalho, sem as devidas providências. Por isso, deixo aqui meu APELO aos nobres deputados desta Casa de Leis, ao presidente da Comissão do Trabalho, deputado Dr, Gomes, para que olhem por esta categoria sem a qual não vossas excelências não teriam visibilidade e notoriedade.

Alertamos para que entendam que o jornalismo ético e transparente é o único caminho para combater fake news. Parafraseando o mote de uma campanha da Associação Nacional de Jornais (ANJ), por incrível que pareça, de uma associação de empregadores, lembramos que “quando todos têm liberdade para falar de tudo, é bom contar com quem tem responsabilidade em tudo o que fala” e, para isto, é necessário o jornalista.

A imprensa possui um papel estratégico na formação da opinião e na pressão por políticas públicas e pode contribuir para ampliar, contextualizar e aprofundar o debate sobre os temas caros à sociedade. Ela aumenta a consciência e oferece uma saída para diferentes vozes, especialmente àquelas que de outra forma não são ouvidas.

Hoje, infelizmente, somos essa voz: calada, machucada, cansada, humilhada e ainda assim livre.

Obrigada a todos.

Com informações da assessoria

Foto: Alberto César/ALEAM

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